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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Essa minha confusão por você.

Oi, querido,

eu só queria, e preciso, expressar o que sinto...
Parece mesmo que eu tenho mania de confundir amizade e Amor sexual. Algumas pessoas vão entender muito bem do que falo. Mas, com toda a confusão, gosto de pensar que este impulso é sexual naquele sentido freudiano da sexualidade: uma energia que flui em todas as relações – algumas vezes realizada, outras sublimada e, na mais infeliz das vezes, reprimida.  
Se por um lado, deveria ser tão normal esse acontecimento – o de combinar amor e amizade -, por outro lado, nossa cultura nos interpela a sublimação do desejo carnal por aqueles que o amor nos trouxera primeiro em amizade. Em tal imposição descansa o medo. O medo de estragar o que é tão belo enquanto não se consuma.   
Não sei ainda a razão de canalizar meu afeto a você. Talvez seja esse seu jeito lindo de ser, de sorrir, sua altura e esse seu corpo esguio, a temperatura morna que sinto quando te abraço, sem falar também da inteligência emocional da qual você é possuidor – e com a qual me identifico. Minha paixão por você é um tanto narcísica. Sua sagacidade, seu lado negro, eu consigo vislumbrar. Mas sei também que este seu lado é uma casca: uma carapaça espinhosa que protege toda a beleza de um espírito sensível e doce.
Mesmo que seja por um momento, eu quero. Mesmo que doa agora saber que se possível talvez só aconteça uma vez. E se não acontecer, o que também é provável, peço mil perdões, pois sublimar não vou. Reprimir, jamais. Outro caminho seguirei, essa dor eu já conheço.
E você? O que conta dessa habilidade que você tem de sentir e saber? Só espero que não entenda isso como um jogo. A vida é tão única para darmos sequência a toda essa competitividade impelida pelo sistema a que estamos submetidos...
Vamos viver isso, mesmo que seja só uma vez? Mostra-me o que sabe? E não falo só de sexo, pois isso, eu sei que você já teve e terá muito melhor do que posso te dar e, quando digo isso, também me coloco no seu lugar.
Talvez seja só uma viagem da minha cabeça e do meu corpo confusos. Mas está aqui, o quê eu posso fazer? O que você fará com isso? O que faremos? No fundo sei que disso ficará o aprendizado, pois toda essa situação só me faz pensar que eu gostaria de ter te conhecido em outro momento, na verdade, num outro lugar...
Eu estarei aqui. E continuarei tirando casquinha de você. Se for incômodo, proteste! Eu adoro gente que reage.
Cordialmente,

                          Cleverson Fleming – 29/09/2015.

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