Essa
minha confusão por você.
Oi,
querido,
eu só
queria, e preciso, expressar o que sinto...
Parece
mesmo que eu tenho mania de confundir amizade e Amor sexual. Algumas pessoas
vão entender muito bem do que falo. Mas, com toda a confusão, gosto de pensar que
este impulso é sexual naquele sentido freudiano da sexualidade: uma energia que
flui em todas as relações – algumas vezes realizada, outras sublimada e, na
mais infeliz das vezes, reprimida.
Se
por um lado, deveria ser tão normal esse acontecimento – o de combinar amor e
amizade -, por outro lado, nossa cultura nos interpela a sublimação do desejo
carnal por aqueles que o amor nos trouxera primeiro em amizade. Em tal
imposição descansa o medo. O medo de estragar o que é tão belo enquanto não se
consuma.
Não
sei ainda a razão de canalizar meu afeto a você. Talvez seja esse seu jeito
lindo de ser, de sorrir, sua altura e esse seu corpo esguio, a temperatura
morna que sinto quando te abraço, sem falar também da inteligência emocional da
qual você é possuidor – e com a qual me identifico. Minha paixão por você é um
tanto narcísica. Sua sagacidade, seu lado negro, eu consigo vislumbrar. Mas sei
também que este seu lado é uma casca: uma carapaça espinhosa que protege toda a
beleza de um espírito sensível e doce.
Mesmo
que seja por um momento, eu quero. Mesmo que doa agora saber que se possível
talvez só aconteça uma vez. E se não acontecer, o que também é provável, peço
mil perdões, pois sublimar não vou. Reprimir, jamais. Outro caminho seguirei,
essa dor eu já conheço.
E
você? O que conta dessa habilidade que você tem de sentir e saber? Só espero
que não entenda isso como um jogo. A vida é tão única para darmos sequência a
toda essa competitividade impelida pelo sistema a que estamos submetidos...
Vamos
viver isso, mesmo que seja só uma vez? Mostra-me o que sabe? E não falo só de
sexo, pois isso, eu sei que você já teve e terá muito melhor do que posso te
dar e, quando digo isso, também me coloco no seu lugar.
Talvez
seja só uma viagem da minha cabeça e do meu corpo confusos. Mas está aqui, o quê
eu posso fazer? O que você fará com isso? O que faremos? No fundo sei que disso
ficará o aprendizado, pois toda essa situação só me faz pensar que eu gostaria
de ter te conhecido em outro momento, na verdade, num outro lugar...
Eu
estarei aqui. E continuarei tirando casquinha de você. Se for incômodo,
proteste! Eu adoro gente que reage.
Cordialmente,
Cleverson Fleming –
29/09/2015.